domingo, 3 de outubro de 2010

Eleição a bico de pena



Ao que parece, nessas eleições de 2010, teremos de volta a "eleição a bico de pena". Veja a definição histórica desse conceito:

"Dizia-se das eleições da velhíssima República, a de antes de 1930. Nestas, como se recorda, o voto não era secreto, mas “aberto”. O sistema de poder vigente tomava três tipos de precaução, para evitar surpresas nos resultados das eleições:



• primeiro, os chefes e caciques políticos, principalmente do interior, orientavam os eleitores a votar em determinados candidatos, e só neles; para isso, entregavam ao votante uma “marmita” (pilha) de cédulas dos candidatos em que deveriam votar;



• segundo, as atas das juntas apuradoras – freqüentemente, as próprias mesas receptoras – eram feitas para mostrar determinados resultados, nem sempre concordes com a contagem dos votos depositados naquela seção;



• terceiro, onde isso não era possível – nas capitais e grandes cidades de então, em que eram eleitos candidatos “indesejáveis”, de oposição – a Câmara e o Senado faziam a “verificação dos poderes” dos que se apresentavam a tomar posse. Aí, muitos dos “indesejáveis” sofriam a “degola”: seus mandatos eram invalidados pela Casa".

ELEIÇÃO a bico de pena. In: FARHAT, Saïd. Dicionário parlamentar e político: o processo político e legislativo no Brasil. São Paulo: Melhoramentos; Fundação Peirópolis, 1996. p. 323.


O historiador José Murilo de Carvalho também faz excelentes análises históricas em seus estudos sobre a cidadania no Brasil. Confira os livros: "Os bestializados" e "Cidadania no Brasil".

O que me chama a atenção nessas eleições de 2010 é que poderemos, novamente, ter essa triste e anti-democrática realidade no Brasil. O Supremo Tribunal Federal deverá decidir nessa semana sobre a validade ou não da lei da Ficha Limpa (ou Ficha Suja, como preferem alguns). Caberá ao STF, portanto, "validar" ou não a eleição, ou o direito à eleição, de alguns candidatos "condenados" (ou não... em definitivo) pela lei da ficha limpa. Mas não é esse o ponto, na minha opinião. O problema é o que se define por crime, por ficha suja e, mais do que isso: os cidadãos que votaram em determinados candidatos, "fichas limpas" ou "fichas sujas" não terão os seus votos validados. Na prática, será como se esses cidadãos tivessem votado "nulo", afinal, seus votos não valerão sequer para formar o quociente eleitoral que define os número de deputados federais e/ou estaduais, e, também, o quociente eleitoral que determina os votos validos para os cargos majoritários: governador e presidente, especialmente.
Diante disso, ouso indagar: será cabível e justo, para com o cidadão/eleitor em 2010, não ter seu voto e, portanto, seu líquido e substancial direito de cidadão e eleitor, não validado nessas eleições, ao menos para fins da validade universal das eleições?

O cidadão/eleitor também será "punido" pela Lei da Ficha Limpa, será ele, também, "ficha suja"? O certo é que seu voto não valerá, ao menos não da maneira que ele optou no dia da eleição, um direito seu.

Enfim, sabemos que nessas eleições de 2010, atípicas, mas tão simbólicas e concretamente históricas, o direito à cidadania no Brasil será mais uma vez escamoteado, vilipendiado. Mesmo que se alegue que o equílibrio dos três poderes se faz justo e necessário, sabemos que milhões de cidadãos/eleitores terão seus votos anulados ou validados "a bico de pena", nesse caso, dos supremos juízes do STF...



sexta-feira, 18 de junho de 2010

Sites recomendados para pesquisa em Filosofia - Ensino Médio

Aos meus alunos e alunas,

O estudo de Filosofia pode nos proporcionar uma grande aventura na história do pensamento e da ação do homem. No caso do Ensino Médio, o objetivo principal talvez seja apresentar a Filosofia enquanto uma disciplina do currículo escolar que se caracteriza por sua especificidade crítica e reflexiva voltadas para a prática de uma cidadania crítica, atuante, autônoma, participativa e que nos prepare para a vida em sociedade.

Não nos interessa, portanto, estudá-la como se fosse um "mini-curso" de graduação em Filosofia, isto é, como se fosse em um curso superior.

A Filosofia, por outro lado, possui um linguagem técnica e específica difícil de ser deixada de lado ou mesmo simplificada demais sob o risco da banalização, isso não significa que não o possa. Mas talvez não seja esse o nosso objetivo, uma vez que é importante e desejável que todos os alunos e alunas adquiram e desenvolvam, no decorrer do Ensino Médio, essa capacidade e potencialidade próprias do discurso filosófico: que sejam capazes de ler, compreender e até mesmo reproduzir de modo criativo e pessoal a linguagem filosófica, ou seja, seu discurso crítico-reflexivo.

Para ajudá-los nessa tarefa inicial e como complemento das aulas e demais atividades desenvolvidas em sala de aula e  de pesquisa, indico abaixo alguns "sites" que podem auxiliá-los.

É importante  notar que são apenas sugestões e que cada um deve começar a fazer uso da prática da pesquisa em suas múltiplas e variadas formas e meios.

Por fim, sigamos a máxima de Sócrates "Só sei que nada sei" como uma bússola que nos indica sempre a direção da busca do conhecimento, dos verdadeiros filósofos e filósofas, isto é, daqueles que, por se saberem ignorantes, estão sempre em busca da verdade.

Boa pesquisa e bons estudos!

Dicionário Escolar de Filosofia:
http://www.defnarede.com/

Mundo dos Filósofos:
http://www.mundodosfilosofos.com.br/

Paulo Ghiraldeli Jr. (filósofo brasileiro)
http://ghiraldelli.wordpress.com/

Consciência.org - Filosofia e Ciências Humanas (site com textos de nível superior)
http://www.consciencia.org/

Filonet - Site bacana que vale a pena conhecer.
http://filonet.pro.br/

Sobre Sites - Site que indica outros sites para pesquisa, vale a pena conferir.
http://www.sobresites.com/filosofia/index.htm

Existem diversos e diferentes sites que tratam da Filosofia e certamente seria uma tarefa bastante grande listar a todos. O importante é manter o espírito de pesquisa e desenvolvê-lo a cada dia mais.

domingo, 18 de abril de 2010

Funcionamento do espelho

Os links abaixo são indicações de páginas na internet para entender melhor o funcionamento do espelho plano. São conteúdos de óptica, portanto, da disciplina de Física.

http://www.infoescola.com/fisica/espelhos-planos/

http://www.infoescola.com/optica/espelho-plano/

Física: Espelhos Planos - Óptica 01 (Prof. Toid)

O vídeo abaixo é bem didático e nos ajuda a entender o funcionamento do espelho plano, que é um assunto da óptica, estudada pela Física. Se puder, e tiver paciência, acesse o segundo vídeo e entenda também o funcionamento dos espelhos esféricos.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Alguns aspectos sobre a greve dos professores de São Paulo

O objetivo deste texto é apontar apenas alguns detalhes dos motivos que levaram os professores da rede pública estadual de São Paulo a uma greve que durou exatamente um mês. Os grandes meios de comunicação de São Paulo (rádios, TV, jornais e revistas) financiados pelas propagandas do governo e alguns até mesmo vendendo material “didático” (sic) (casos da Editora Abril Cultural e Fundação Roberto Marinho) se aliaram ao governo e serviram como “assessoria” de imprensa e propaganda de governo. Tal qual o antigo DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) da ditadura de Getúlio Vargas, nos anos 30.

O primeiro refere-se ao pseudo pedido de aumento salarial como foi divulgado amplamente pela imprensa de governo. Na verdade, tratava-se de pedido de reajuste salarial para repor perdas dos últimos anos, desde 1998, de 34,3% (perdas inflacionárias). Todos os trabalhadores têm esse direito assegurado anualmente, os professores não! O governo nunca respeitou o dissídio salarial da categoria dos professores - que é lei estadual - e deve ocorrer no mês de maio de cada ano. O nosso salário, portanto, está defasado há anos!

A seguir alguns aspectos de algumas leis que atingiram os professores admitidos em caráter temporário, ou seja, que são contratados, de modo “emergencial” (sic) para suprir a falta crônica de professores na rede pública estadual de ensino de São Paulo.

A Lei Complementar Nº 1.093, de 16 de julho de 2009 abrange todos os setores do serviço público estadual, mas fere de maneira específica os professores contratados em caráter temporário, uma vez que limita o contrato ao ano letivo (duzentos dias), portanto, os docentes contratados sob esta lei jamais terão acesso a direitos trabalhistas como a “terça parte de férias” e o “13º salário” também será reduzido ao proporcional, uma vez que jamais poderão trabalhar os doze meses do ano (o ano letivo geralmente se inicia em fevereiro, por volta do dia 10, e encerra-se em dezembro, por volta do dia 20). Essa lei se refere à admissão emergencial “para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público”. No caso da contratação de professores diz o seguinte:

IV - para suprir atividade docente da rede de ensino público estadual, que poderá ser feita nas hipóteses previstas no inciso II deste artigo e, ainda, quando:

a) o número reduzido de aulas não justificar a criação de cargo correspondente;

b) houver saldo de aulas disponíveis, até o provimento do cargo correspondente;

c) ocorrer impedimento do responsável pela regência de classe ou magistério das aulas.”

Sabemos, nesse caso, o tamanho da hipocrisia do governo estadual e da Assembléia Legislativa Estadual que aprovaram esta lei, pois, segundo a APEOESP, sindicato dos professores, “hoje, 100 mil professores (ou 48% do total) são temporários”. Ou seja, apenas 52% são efetivos! O governo estadual está realizando concurso estadual para 10 mil vagas, quando, na verdade, deveria fazê-lo para 100 mil vagas. Não se justifica, portanto, o “caráter emergencial e excepcional” no caso do magistério, afinal, neste caso, “a exceção é a regra”!

Outros destaques dessa lei nefasta aos servidores públicos:



"Artigo 8º - O contrato celebrado com fundamento nesta lei complementar extinguir-se-á antes do término de sua vigência:

VIII - por conveniência da Administração.

§ 1º - A extinção do contrato com fundamento nos incisos I a VII deste artigo far-se-á sem direito a indenização.

§ 2º - A extinção do contrato com fundamento no inciso VIII deste artigo implicará o pagamento ao contratado de indenização correspondente a 1 (uma) vez o valor da remuneração mensal fixada no contrato, ou, quando for o caso, da média mensal da remuneração fixada no contrato, até o advento da extinção."



Todo trabalhador tem direito ao “aviso prévio” ou à indenização correspondente, os professores não! Qual o motivo de tanto descaso e “ódio” aos professores?

Cabe aos docentes os mesmos deveres, mas não os mesmos direitos:



"Artigo 10 - O contratado nos termos desta lei complementar está sujeito aos mesmos deveres, proibições e responsabilidades previstos na Lei nº 10.261, de 28 de outubro de 1968, aplicando-se aos docentes, subsidiariamente, as disposições da Lei complementar nº 444, de 27 de dezembro de 1985."



Percebe-se, na leitura integral da lei 1.093, que o principal objetivo é atingir a categoria do magistério, afinal, são cerca de 100 mil professores (as) eufemisticamente chamados de temporários, alguns estão na rede há mais de 20 anos como "temporários"! O governo, na verdade, tem por objetivo principal fazer “economia” com os salários, mas à custa de vilipendiar os salários dos professores. Esse massacre certamente se refletirá profissionalmente no ânimo e no prazer de lecionar dos docentes. Ser professor nessas condições é humilhante. Perdem os alunos, perdem os professores, perdem a escola e a educação pública paulista. Perdem todos os trabalhadores que dependem do ensino público!

Por exemplo, o governo de São Paulo subdividiu a categoria docente em várias subcategorias nomeadas por letras: F, L, O, V (eventual) etc. Essa forma de tratar os profissionais da educação dividiu ainda mais a profissão docente em São Paulo e, na prática, muitos professores embora tenham as mesmas obrigações morais e profissionais, são tratados de forma diferente, discriminatória. Os professores da categoria O, por exemplo, após cumprirem o ano de letivo não poderão ser contratados no ano seguinte – serão obrigados a cumprir uma quarentena, ou melhor, duzentena, de 200 dias sem poderem trabalhar na Rede Estadual – e, assim, deverão arcar com o desemprego no ano seguinte, mesmo que tenham provado toda sua competência e mérito profissional e, mais ainda, mesmo que todos saibam que faltam professores na rede estadual de ensino. Isso tudo sem falar que todos os outros direitos trabalhistas, mesmo a licença maternidade, serão reduzidos com relação aos direitos dos servidores públicos efetivos! Os professores, inclusive, não terão direito à evolução funcional, qüinqüênio, ou participar da “prova de promoção por mérito” que lhes dariam a suposta possibilidade de aumento salarial.

Sobre a questão do aumento salarial por mérito, isto é, o professor faz um prova e tem que tirar uma nota mínina para ter um aumento  no salário. O grande problema da lei é que ela limita em 20% o número de professores com direito ao aumento e significa que, se 100% dos docentes provarem seus méritos para terem aumento, na prática apenas um pequena parcela será atendida, e, pior ainda, o governo não é obrigado a conceder aumento! Isso pode ocorrer quando o governo disser que não tem orçamento suficiente para o aumento salarial, é o que está previsto na lei:

De acordo com o parágrafo 4º, do artigo 4º, da Lei Complementar n. 1097/2009, temos que:

"§ 4º - Observadas as condições estabelecidas nesta lei complementar, poderão ser beneficiados com a promoção até 20% (vinte por cento) do contingente total de integrantes de cada uma das faixas das classes de docentes, suporte pedagógico e suporte pedagógico em extinção, existente na data da abertura de cada processo de promoção."

Como podemos ver, o governo falta com a verdade total quando faz propaganda na mídia anunciando a sua “revolução” (sic) na educação: engana os professores, engana os alunos, seus pais e a sociedade paulista. A grande imprensa, sua aliada, faz silêncio e finge que não tem nada a ver com isso, mas tem! É só você se perguntar quanto o governo paulista gasta com propaganda nos meios de comunicação de massa. É o preço que paga para comprar o silêncio cúmplice da grande imprensa de São Paulo e do Brasil.

Enfim, a questão da qualidade da educação em São Paulo também passa obrigatoriamente pela valorização real e verdadeira do professor. Não dá para imaginar e acreditar que uma categoria profissional trabalhe feliz e renda profissionalmente, de fato, com qualidade, produzindo aquilo que todos esperam: uma escola e uma educação de qualidade, uma escola com alunos e professores produtivos e felizes!

Mas isso é só a “ponta do iceberg”, na verdade há muito mais a melhorar e o governo, quando ataca publicamente os professores por meio de uma imprensa vendida e subserviente, só está desviando a atenção da sociedade, na verdade, de sua própria responsabilidade no processo. É sempre bom lembrar: esse governo que está aí já tem 16 anos no comando de São Paulo. Tem, portanto, muita responsabilidade!

domingo, 11 de abril de 2010

Os indiferentes

O texto abaixo é de Antonio Gramsci (1891-1937) socialista italiano que foi preso pela polícia fascista de Mussolini. Morreu na prisão, mas nos deixou uma obra política fundamental: Os "Cadernos do Cárcere". O texto em questão, no entanto, foi escrito ainda em sua juventude para a revista "Cittá Futura" (“Cidade Futura”) – redigido em fevereiro de 1917. A fonte desta postagem que faço uso aqui e recomendo a leitura, para maiores informações, é: http://www.espacoacademico.com.br/064/64tc_gramsci.htm

Boa leitura!

Os indiferentes
por Antonio Gramsci

Indiferentes[1]


por Antonio Gramsci


Odeio os indiferentes.Acredito que viver, tal qual Friederich Hebbe[2], quer dizer ser partigiani.[3] [N.doT.: militante, companheiro e/ou "partidário"] Não podem existir os apenas homens, os estranhos à cidade. Quem vive verdadeiramente não pode não-ser concidadão, e não parteggiare. [N.doT.: militar, compartilhar e/ou "tomar partido"] Indiferença é abulia, parasitismo, velhacaria; não é vida. Por isso odeio os indiferentes.



A indiferença é o peso morto da história. É a cadeia de chumbo ("palla di piombo") para o inovador, é a matéria inerte em que se afogam amiúde os mais esplendorosos entusiasmos, é o fosso que circunda a velha cidade e a defende melhor do que as mais sólidas muralhas, melhor que o peito dos seus guerreiros; porque engole em seus pântanos lamacentos os seus assaltantes, os dizima e desencoraja e, às vezes, faz com que desistam da ação heróica.



A indiferença opera poderosamente na história. Opera passivamente, mas opera. É a fatalidade; é aquilo com o que não se pode contar; é aquilo que confunde os programas, que derruba os planos mais bem construídos; é a matéria bruta que se rebela contra a inteligência, e a destroça. Aquilo que acontece – o mal que se abate sobre todos, o possível bem que um ato heróico (de valor universal) pode gerar – não se deve tanto à iniciativa dos poucos que operam quanto à indiferença, ao absenteísmo de muitos. O que acontece, não acontece tanto porque alguns querem que aconteça quanto, sobretudo, porque a massa dos homens abdica de sua vontade, deixa fazer, deixa enlaçar os nós que, depois, só a espada pode cortar, deixa promulgar as leis que depois só a revolta faz revogar, deixa subir ao poder homens que, depois, só uma insurreição pode derrubar. A fatalidade que parece dominar a história não é outra coisa que a aparência ilusória desta indiferença, deste absenteísmo; fatos amadurecidos à sombra – a poucas mãos – não-submetidos a qualquer controle, que tecem a tela da vida coletiva, e a massa dos homens ignora, porque isso não a preocupa. Os destinos de uma época são manipulados de acordo com visões estreitas, de alcance imediato, de ambições e paixões pessoais de pequenos grupos ativos; e a massa dos homens ignora, porque isso não a preocupa. Mas os fatos que amadurecem vêm à superfície; a tela tecida à sombra vem à tona, e então parece ser a fatalidade a arrastar a tudo e a todos, parece que a história não é mais do que um enorme fenômeno natural, uma erupção, um terremoto, do qual todos são vítimas – o que quis e o que não quis, quem sabia e quem não sabia, quem esteve ativo e o indiferente. Este último se irrita, desejaria livrar-se às conseqüências, desejaria deixar claro que não assentiu, que não é responsável. Alguns choramingam piedosamente, outros blasfemam obscenamente, mas nenhum – ou poucos – se pergunta: se tivesse eu também cumprido o meu dever, se tivesse buscado fazer valer a minha vontade, meu juízo, teria acontecido o que aconteceu? Mas nenhum – ou poucos – o atribui à sua indiferença, ao seu ceticismo; a não ter dado seus braços e atividade àqueles grupos de concidadãos que, para evitar esse mesmo mal, combatiam; que a procurar tal bem se propunham.



A maioria deles, ao contrário, diante de acontecimentos consumados, prefere falar de falhas ideais, de programas definitivamente esmagados e de outras fanfarronices semelhantes. Recomeçam assim o seu absenteísmo de qualquer compromisso. E já não por não verem claramente as coisas e, por vezes, não serem capazes de divisar belíssimas soluções para os problemas mais urgentes, ou para aqueles que – embora requerendo uma ampla preparação e tempo – são todavia tão urgentes quanto. Mas essas soluções são belissimamente inférteis; mas essa contribuição à vida coletiva não é animada por qualquer luz moral: é produto de curiosidade intelectual, e não do senso pungente de um compromisso histórico que quer a todos ativos na vida, que não admite desconhecimentos e indiferenças de nenhuma espécie.



Odeio os indiferentes também porque me dá nojo o seu choramingo de eternos inocentes. Peço contas a cada um deles pelo balanço do que a vida lhes pôs e põe, cotidianamente, do que fizeram e, especialmente, do que não fizeram. E sinto poder ser inexorável, não dever desperdiçar a minha compaixão, não repartir com eles as minhas lágrimas. Sou partigiano, vivo, sinto nas viris consciências de meus companheiros já pulsar a atividade da cidade futura que estamos construindo. E, nesta, a cadeia social não pesa sobre poucos; qualquer coisa que acontece não se deve ao acaso, à fatalidade, mas é obra inteligente dos concidadãos. Não há nesta ninguém à janela observando enquanto os poucos se sacrificam, abnegados no sacrifício; e tampouco há quem esteja entocaiado à janela e que pretenda usufruir o pouco bem que a atividade de poucos busca, e afogue a sua desilusão injuriando o sacrificado, o abnegado, porque não teve êxito na sua tentativa.



Vivo, sou partigiano. Por isso odeio quem não parteggia, odeio os indiferentes.



________________



[1] Gramsci, Antonio (1917). Indifferenti, In: Cittá Futura, 11/feb./1917 (In: Scritti Giovanili 1914-1918. Torino: Einaudi, 1972). Tradução livre de Roberto Della Santa Barros. Cotejada com a versão de P. C. U. Cavalcanti (Convite à Leitura de Gramsci. Rio de Janeiro: Achiamé, 1985) e conferida junto à tradução de C. N. Coutinho (Escritos Políticos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004).



[2] Friedrich Hebbel – In: Vivere significa esser partigiani – publicado na edição do jornal Grido del Popolo (“Grito do Povo”) de 27 de maio de 1916. Hebbel (1813-1863) – dramaturgo e poeta alemão – registra tal asseveração em seus Diários (reflexão de número 2.127), onde desenvolve reflexão eminentemente filosófica.Gramsci vale-se – no artigo do jornal Cittá Futura – de um enunciado próprio do pensamento social de Hebbel, nutrindo-se do espírito de reflexões como: “Alla gioventù si rimprovera spesso di credere che il mondo cominci appena con essa. Ma la vecchiaia crede anche più spesso che il mondo cessi con lei. Cos’è peggio?” (“À juventude se censura amiúde por acreditar que o mundo começa apenas com a mesma. Mas os velhos acreditam ainda mais piamente que o mundo cessa com eles. O que é pior?”). Outro aforismo da mesma matriz – perfeitamente compreensível para os lusófonos, daqui e de todas as partes – é também bastante significativo de sua índole antideterminista: “Un prigionero è un predicatore de la libertá”.



[3] Nesta tradução livre optamos pelo (algo heterodoxo) procedimento de manter o original dos lexemas (i) partigiani, (ii) parteggiare, (iii) partigiano e (iv) parteggia; apenas cuidando destacá-los em negrito. Expliquemo-nos. As soluções encontradas na tradução de Cavalcanti são, segundo a ordem de exposição: (i) “partidários”, (ii) “[ser] partidário”, (iii) “militante” e (iv) “[toma] partido”. Coutinho, para a última ("parteggia"), utiliza a forma"se compromete". Apesar de não contribuir para qualquer prejuízo do significado geral dos mesmos, incorre-se em dois problemas centrais: arranca-se a raiz comum entre os substantivos partigiano (singular) e partigiani (plural) e o verbo parteggiare / parteggia (nas formas infinitiva e presente, respectivamente) por um lado e, por outro, perde-se a força (algo taumatúrgica) reivindicada pelo autor – em torno a tais unidades de sentido – em oposição à indifferenza e aos indifferenti, ao longo do fundamental de sua argüição histórico-filosófica. Ainda, em perspectiva sincrônico-diacrônica, a palavra ("partigiano") sedimentou-se na posterior história social italiana como símbolo da resistência antifascista – vide, por exemplo, o cancioneiro revolucionário da Itália, em especial Bella Ciao. E não se trata de um passado remoto. A figura do partigiano ("militante, companheiro, partidário") ecoou vívidamente nas avenidas de Florença (capital da Toscana, na Itália) cantado nas vozes dos mais de 1.500.000 manifestantes – de todas as partes do mundo – que acudiram à marcha contra a Guerra do Iraque durante o encerramento do I Fórum Social Europeu, em pleno ano de 2002, no alvorecer do século XXI. Ao apoderar-se de mentes e corações de milhões em movimento e, dessa forma, engrandecer a tarefa a ser realizada pelas novas gerações, o signo em questão revigora-se e se atualiza, convertendo-se em verdadeira força material – base para o aprendizado de seu "novo idioma". Como queria o poeta, tranformar a vida para, então, cantá-la. Por isso tudo: parteggia, partigiano.



"(...) o principiante que aprende um novo idioma, traduz sempre as palavras deste idioma para sua língua natal; mas só quando puder manejá-lo sem apelar para o passado e esquecer sua própria língua no emprego da nova, terá assimilado o espírito desta última e poderá produzir livremente nela" (In: Marx, Karl. 1852. O Dezoito Brumário de Luis Bonaparte, várias edições).


segunda-feira, 29 de março de 2010

Policial "à paisana" ou atentado aos direitos civis e sociais?

A Polícia Militar (PM) informou em seu site que a pessoa que apareceu nas fotos da grande imprensa socorrendo uma PM ferida era um policial. Um PM "à paisana". Indagados sobre a veracidade dessa informação foram lacônicos e não deram maiores informações, afinal, sabe-se que os soldados da PM não podem se apresentar com a "barba por fazer", como foi o caso da pessoa que aparece nas fotos.
No entanto, o mais importante e que a imprensa não indagou à PM foi o motivo de haver soldados da PM "à paisana" no manifesto dos professores. O manifesto era público, anunciado nos meios de comunicação e às autoridades civis e militares. O que justificaria que, em um evento transparente e público, como o dos professores houvesse policiais à paisana? Isso representa, na verdade, a tentativa de "monitorar", isto é, coibir o direito à livre manifestação garantida na Constituição Federal de 1988. A tentativa de coagir e a prática de "investigar" o que é publico e direito social de todos os cidadãos demonstra que, para este governo atual de São Paulo, as liberdades individuais e coletivas nada significam. Um caso grave e que só vemos paralelos em regimes autoritários e anti-democráticos. Ser(r)á?
Para o bem maior, de todos, seria melhor que isso fosse esclarecido publicamente pelo governo de São Paulo.
Também é importante anotar que, na manifestação, os professores identificaram alguns desses PMs "à paisana" tentando colocar bombas em veículos estacionados no local, em clara tentativa de culpar os manifestantes por mais um crime contra o patrimônio privado e contra a segurança das pessoas na manifestação. Segundo as testemunhas, o fato somente não se concretizou porque os professores impediram. Ao que parece, a ditadura civil-militar que assolou e assombrou nosso país por trinta anos ainda não acabou e seus adeptos - quais fantasmas da ditadura - continuam por aí, a ensinar práticas desumanas e terroristas.

sábado, 27 de março de 2010

Professores de verdade!


Apesar de tudo que a mídia possa falar ultimamente contra os professores, apresentando apenas a suas falhas humanas e profissionais, sabemos que isso não é toda a verdade.

Na tarde de ontem, quando foram encurralados pela repressão militar, obedecendo ordens do governador José Serra, houve espaço para a solidariedade e companheirismo. Essa solidariedade, entre os iguais, se expressa na foto símbolo do movimento dos professores: apesar da violência com que fomos agredidos, ainda somos humanos, ainda somos irmãos!
É assim no nosso dia-a-dia com nossos alunos e alunas: compartilhando sonhos de dias melhores.

Parabéns a todos nós professores e professoras que não desistimos nunca da luta!


Até a vitória, por uma sociedade sem classes e sem desiguais!
Até a vitória por uma educação digna e de qualidade para todos os filhos dos trabalhadores!

sexta-feira, 26 de março de 2010

SERRA MANDA POLÍCIA MILITAR MASSACRAR PROFESSORES


Na tarde de hoje o estado e a cidade de São Paulo viram mais uma lição de cidadania dada pelos professores e professoras da Rede Pública Estadual de Ensino. E viram também mais uma exibição de arrogância, força e truculência do governador José Serra.
Em plena avenida Giovanni Grochi, onde se localiza o Palácio dos Bandeirantes (sede do governo estadual), no Morumbi, a Polícia Militar, a mando e obedecendo fielmente, como devidos "cães de guarda", atacaram covardemente os professores (as) ali presentes. Sob o argumento de que manifestações públicas são proibidas naquela área, a PM aproveitou para atirar, espancar e lançar bombas de fumaça tóxica contra os manifestantes que seguiam em passeata pacífica. Resultado: vários professores gravemente feridos e centenas de outros com pequenos ferimentos.
Uma lição de cidadania, na prática, dada pelos professores as) e um exemplo de violência vistos somente nos tempos da ditadura civil-militar, dada pelo governo e pela PM.
Mais uma vez a cidadania refém de governantes autoritários e anti-democráticos. Mais uma vez a prova de que o Brasil ainda não é uma democracia! Mais uma prova de que o PSDB não está do lado dos trabalhadores e do povo.

Professores e professoras, unidos até a vitória!


sexta-feira, 19 de março de 2010

60 MIL PROFESSORES NA PAULISTA E O ANIVERSÁRIO DO GOVERNADOR...

Hoje os professores da rede Pública Estdual de São Paulo deram mais uma demonstração de que estão dispostos a ir "até o fim". Os desmandos e massacres sofridos pela categoria dos professores nos levou à GREVE, não tem mais volta.
Não havendo mais alternativas, não havendo como apelar mais para o BOM SENSO do governador Serra e seu secretário Paulo Renato, a única opção restante foi a paralisação total dos trabalhos. Mas, apesar dos cerca de 60 mil professores em ASSEMBLEIA ESTADUAL na Av. Paulista (MASP), o governador e seu "Sancho Pança" ainda não aceitam reconhecer os fatos: os professores estão em greve.
Preferiu ir a um programa de TV (que certamente o apóia...) comemorar seu aniversário. Curiosamente, alí, muito perto da Paulista (bem que eu vi um helicóptero enorme, vistoso, sobrevoando o local...). Mais uma prova que o governo para Serra é uma forma de se auto-promover, especialmente para "Presidente" (lembram do "PresiDENGUE"?). Mas o apresentador do programa jura, de "pés juntos", que não sabia. Ah, coitado!
O que chama a atenção, mais ainda, é a "cara-de-pau" (mas não é o Pinóquio...) e o desrespeito pelos filhos dos trabalhadores que estudam na escola pública.
Se sua excelência (para não usar outro termo, mais adequado...) prefere comemorar seu "anivesário" (ano novo? vida nova?) entre seus amigos e apoiadores de campanha (Datena, para Ministro dos Direitos Humanos!), que é uma figura pública e que, portanto, deveria estar "trabalhando" (sic!) pelo estado de São Paulo e recebendo os professores para negociação, MAS prefere deixar o "trabalho de governar SP" (sic, ainda bem...) de lado e fingir humildade na TV... "Ah, eu presidente, imagina...", "foi o Datena quem falou..."
É, São Paulo não está bem representado mesmo, quem dirá o Brasil no futuro se... (toc-toc-toc, isola!).

Ps.: Como só tem 1% de professores em Greve, segundo as eminências pardas Serra e Paulo Renato e toda a GRANDE MÍDIA PAULISTA E PAULISTANA, naõ houve qualquer congestionamento na Paulista ou na Consolação, afinal, os professores "não estão de greve", só vieram passear...
Aliás, é bom lembrar: São Paulo tem congestionamento TODOS OS DIAS DO ANO! Mas, para essa "IMPRENSA" da VILA DE PIRATININGA, professor é "índio" e merece ser culpado de TUDO...
Ps.2: Depois que ELE "inaugurou" (sic) uma MAQUETE (de papelão? vai cair também?) no litoral paulista, ELE já deve anunciar e INAUGURAR, na semana que vem, as NOVAS MAQUETES das suas NOVAS OBRAS como PRESIDENTE. Mas não se preocupem, elas só vão DESMORONAR enquanto e "SE" estiverem sendo construídas...

segunda-feira, 15 de março de 2010

NO COVIL DO INIMIGO ou CHOQUE DE GESTÃO!


OLHA QUE INTERESSANTE ESSA CHARGE. ATÉ PARECE QUE NÃO É CARICATURA...

CONFIRA O VÍDEO DA PASSEATA DOS PROFESSORES

http://www.youtube.com/watch?v=5MC4h1N6bYk&feature=player_embedded
O vídeo foi feito pelos companheiros de Guarulhos. Já que o governador censurou as imagens por se tratar de conteúdo altamente crítico, nem a as emissoras de TV paulistas contestaram: Globo, Bandeirantes (Viva a Paulista!), SBT, Record etc...

A grande "imprensa" impressa e escrita (Folha, Estadão, Globo, Veja, Agora, Época etc.) também se omitiu e se limitou a reproduzir o release do site da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo (SEE), o que prova que não estão interessadas em uma cobertura jornalística isenta e imparcial. Esconder a informação da população - dos cidadãos - é uma prática anti-democrática.

O governo acusa o movimento grevista de ser político. E é mesmo político, pois os professores em sua grande maioria estão se manifestando contrários à política educacional do PSDB que já dura mais de quinze anos em São Paulo. Após todos os fracassos possíveis, sua política educacional mostrou-se incapaz e ineficaz para resolver os problemas educacionais que atingem a educação pública estadual. Para usar um termo da moda - que eles adoram e incorporaram ao seu ideário político - é uma política educacional incompetente e sem mérito algum!

É uma política na qual o governo do PSDB jamais assumiu seus erros, mas sempre culpabilizou os professores pelo fracasso de suas políticas eleitoreiras e sem compromisso com a educação dos filhos dos trabalhadores.

Enfim, que todos os professores se unam contra essa barbaridade que os governos tucanos fizeram em São Paulo!

Confira o BLOG da Greve dos companheiros de Guarulhos!

http://grevedosprofessores.blogspot.com/

sábado, 13 de março de 2010

40 MIL PROFESSORES NA AVENIDA PAULISTA



Cerca de 40 mil professoras (es) estiveram reunidos em ASSEMBLEIA ESTADUAL dia 12 de março no Museu de Arte de São Paulo (MASP), na Avenida Paulista em São Paulo, capital. O objetivo era decidir sobre a continuidade da GREVE na rede pública estadual de ensino. Uma vez que o governo estadual e a Secretaria Estadual de Educação (SEE), de José Serra e Paulo Renato não aceitaram negociar e continuam negando a existência da greve - embora estejam intimidando os professores grevistas com ameaças de demissão e corte do pagamento - a ASSEMBLEIA foi UNÂNIME em decidir pela continuidade do movimento grevista.
Após a assembleia seguimos em PASSEATA pela Av. Paulista até o prédio da SEE, que fica localizado na Praça da República. A polícia militar (PM), cumprindo ordens do governador Serra fechou o espaço aéreo no entorno da Paulista, rua da Consolação e Praça da República, obviamente para evitar que a MANIFESTAÇÃO fosse filmada e registrada pela MÍDIA LOCAL. Esta é uma prática nada DEMOCRÁTICA, característica de governos AUTORITÁRIOS e são expedientes comuns quando não têm mais o controle da situação política, isto é, quando perdem a LEGITIMIDADE e o CONSENSO da população e dos CIDADÃOS em torno de suas ações.

Enfim, a GREVE só aconteceu depois que o governo desferiu golpes fatais contra os DIREITOS dos trabalhadores (as) em EDUCAÇÃO no estado de São Paulo (cerca de 200 mil professores - os mais prejudicados - e os demais servidores públicos da EDUCAÇÃO: inspetores de alunos, secretários de escola, auxiliares de limpeza e organização, diretores, coordenadores e supervisores de ensino).
Diante disso tudo a UNIDADE DA CATEGORIA se fez necessária e a greve foi o último recurso possível.

Veja mais informações no site da APEOESP:

quinta-feira, 11 de março de 2010

O hábito não faz o monge

O habito não faz o monge

"Uma greve contra os pobres". O colunista Dimenstein está "evoluindo", na greve de 2008 disse que o sindicato dos professores queria "um motel nas escolas", agora está mais "franciscano" e mudou seu título: "Uma greve contra os pobres ". Mas todos conhecem o provérbio popular: "O hábito não faz o monge". O fato de escrever em um grande jornal também "não faz" o "jornalista", assim como ser avaliado, ou não, por um sistema de meritocracia também não faz o "professor". O jornalista distorce os fatos para adequá-los aos interesses políticos do governo. É uma pena, eu admirava o jornalista (sem aspas) Dimenstein dos tempos da "Guerra dos meninos", do "Cidadão de papel", "Das meninas da noite", mas acho que naquela época ele era jornalista, não "monge". Acho que naquela época seu maior "mérito" era o trabalho jornalístico. Devia assumir de vez sua posição política, seria mais honesto com seus leitores e com seu trabalho de jornalista. Mas, se quiser ser jornalista ainda, de mérito, poderia começar revisitando a "Guerra dos meninos", "O cidadão de papel", "As meninas da noite". Os professores estão com eles todos os dias, partilham de seus sonhos, de suas expectativas, da esperança de um futuro melhor. Não o futuro estampado nas placas, banners, outdoors do governo que "pintam" uma escola que não existe, uma escola dos sonhos. Não. Nós, os professores (sem aspas), e aqui assumo minha postura profissional e, sobretudo política (de quem fez "a opção preferencial pelos pobres", para usar o jargão da igreja militante), afinal sou filho de trabalhadores, retirantes nordestinos (que o Serra já culpou pelos baixos índices da educação paulista), pobres sempre (não classe média), um operário na sala de aula. Operário porque assumo minha condição de trabalhador da educação pública, porque acredito, luto e quero uma educação pública de qualidade para os filhos dos trabalhadores (meus irmãos, meus pais, meus sobrinhos, meus amigos, eu), do qual sempre fiz parte. É Dimenstein, há muito mais política nessa questão do que você ousa admitir. Uma pena...

Edson de Souza Almeida. Professor de filosofia da rede pública estadual.

Escrevi este texto em resposta ao texto "Uma greve contra os pobres" do jornalista Gilberto Dimenstein, da Folha de São Paulo. Segue abaixo a referência:

Uma greve contra os pobres
http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/gilbertodimenstein/ult508u704224.shtml

sábado, 6 de março de 2010

Professores aprovam greve por tempo indeterminado

PELA DIGNIDADE DO MAGISTÉRIO E PELA QUALIDADE DA EDUCAÇÃO
Professores aprovam greve por tempo indeterminado
Reunidos em assembleia na Praça da República na sexta-feira, 5, mais de 10 mil professores aprovaram greve por tempo indeterminado, a partir de segunda-feira, 8.
As principais reivindicações da categoria são: reajuste salarial imediato de 34,3%; incorporação de todas as gratificações, extensiva aos aposentados; plano de carreira justo; garantia de emprego; contra as avaliações excludentes (provão dos ACTs/avaliação de mérito); revogação das leis 1093, 1097, 1041 (lei das faltas); concurso público de caráter classificatório; contra a municipalização do ensino, contra qualquer reforma que prejudique a educação, em todos os níveis. Da assembleia também participaram representantes dos diretores de escola e supervisores de ensino, que decidiram, em suas instâncias, entrar em greve em conjunto com os professores.
O Magistério paulista, com esta decisão, deu um BASTA aos desmandos do governoSerra.Os professores aprovaram ainda o calendário de mobilizações (leia quadro), com a realização de uma nova assembleia na sexta-feira, 12, no vão livre do Masp, na avenida Paulista. As subsedes devem realizar, na quinta, 11, assembleias regionais.
Governo afronta categoria Praticamente às vésperas da assembleia, o governo do Estado anunciou, com estardalhaço, a incorporação da Gratificação por Atividade de Magistério (GAM) em três parcelas, a serem pagas em 2010, 2011 e 2012. A proposta é uma afronta e um desrespeito.
Para se ter uma ideia, , até 2012 o salário-base do PEB II em jornada de 24 horas, terá um acréscimo salarial de apenas R$ 6,47. Não queremos esmolas!
Queremos reajuste salarial e a real valorização do Magistério. Sem contar que inúmeros professores aposentados já ganharam na Justiça, em ação movida pela APEOESP, o direito de incorporação total da GAM.
Este governo gasta milhões em propagandas no rádio e na TV para apresentar mentiras à população. Onde estão as escolas com dois professores? Onde estão os laboratórios deinformática abertos nos finais de semana com monitores? Temos de dar uma resposta à altura, chamando os pais dos alunos para conhecer nossas escolas, para que possam comparar com a “escola de mentirinha” que Serra mostra na televisão.
Matéria paga
As entidades do Magistério veicularão matéria paga na Rede Bandeirantes, no intervalo do “Brasil Urgente” – entre 17h30 e 18h50 – na próxima quarta-feira, 10. Em anexo, segue carta à comunidade escolar – pais e alunos – explicando o porquê de nossa greve.
A carta deve ser reproduzida pelas subsedes. É importante também que as subsedes circulem com carros de som, denunciando os desmandos do governo e explicando as razões da greve da categoria.
Calendário de mobilização
Dia 8 de março: conversa com a comunidade escolarDias 9 e 10: visita às escolasDia 11: assembleias regionaisDia 12: assembléia estadual no vão livre doMasp, na avenida Paulista, às 15 horas.

CLIQUE NO LINK ABAIXO PARA LER A CARTA AOS PAIS, ALUNOS E COMUNIDADE:
ESTAMOS EM GREVE!Pela dignidade do Magistério e pela qualidade da educação

SITE DA APEOESP (SINDICATO DOS PROFESSORES):
http://apeoespsub.org.br/index.html