quinta-feira, 11 de março de 2010

O hábito não faz o monge

O habito não faz o monge

"Uma greve contra os pobres". O colunista Dimenstein está "evoluindo", na greve de 2008 disse que o sindicato dos professores queria "um motel nas escolas", agora está mais "franciscano" e mudou seu título: "Uma greve contra os pobres ". Mas todos conhecem o provérbio popular: "O hábito não faz o monge". O fato de escrever em um grande jornal também "não faz" o "jornalista", assim como ser avaliado, ou não, por um sistema de meritocracia também não faz o "professor". O jornalista distorce os fatos para adequá-los aos interesses políticos do governo. É uma pena, eu admirava o jornalista (sem aspas) Dimenstein dos tempos da "Guerra dos meninos", do "Cidadão de papel", "Das meninas da noite", mas acho que naquela época ele era jornalista, não "monge". Acho que naquela época seu maior "mérito" era o trabalho jornalístico. Devia assumir de vez sua posição política, seria mais honesto com seus leitores e com seu trabalho de jornalista. Mas, se quiser ser jornalista ainda, de mérito, poderia começar revisitando a "Guerra dos meninos", "O cidadão de papel", "As meninas da noite". Os professores estão com eles todos os dias, partilham de seus sonhos, de suas expectativas, da esperança de um futuro melhor. Não o futuro estampado nas placas, banners, outdoors do governo que "pintam" uma escola que não existe, uma escola dos sonhos. Não. Nós, os professores (sem aspas), e aqui assumo minha postura profissional e, sobretudo política (de quem fez "a opção preferencial pelos pobres", para usar o jargão da igreja militante), afinal sou filho de trabalhadores, retirantes nordestinos (que o Serra já culpou pelos baixos índices da educação paulista), pobres sempre (não classe média), um operário na sala de aula. Operário porque assumo minha condição de trabalhador da educação pública, porque acredito, luto e quero uma educação pública de qualidade para os filhos dos trabalhadores (meus irmãos, meus pais, meus sobrinhos, meus amigos, eu), do qual sempre fiz parte. É Dimenstein, há muito mais política nessa questão do que você ousa admitir. Uma pena...

Edson de Souza Almeida. Professor de filosofia da rede pública estadual.

Escrevi este texto em resposta ao texto "Uma greve contra os pobres" do jornalista Gilberto Dimenstein, da Folha de São Paulo. Segue abaixo a referência:

Uma greve contra os pobres
http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/gilbertodimenstein/ult508u704224.shtml

2 comentários:

  1. Meu irmão...
    Sempre lutando por um futuro melhor...
    Muito boa sua resposta...

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  2. TExto excelente, uma resposta bem formulada e argumentação bem concatenada. Pena que a Folha não vai publicar. Só sugiro que não publique o texto do Dimensteins antes do seu, não dê tanto Ibope pra ele: publique o seu e coloque o link.

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